Medicina da UFPA em parceria para salvar recém-nascidos no Marajó
Uma parceria para ajudar a salvar recém-nascidos das áreas ribeirinhas nas cidades de Breves e Portel no Marajó. Esse é o foco da ação conjunta da Faculdade de Medicina do Instituto de Ciências Médicas da Universidade Federal do Pará (Famed/ICM/UFPA) com a Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, a ONG VAYU e as Secretarias de Saúde Municipal (Sesma) e Estadual do Pará (Sespa).
A apresentação das ações da ONG e proposições para a nova parceria no Pará foi realizada na última quinta-feira, 09 de setembro, na sede da Santa Casa, pelo CEO da organização, Thomas Kurke, professor da Universidade de Harvard. A VAYU já desenvolve atividades em 38 países, inclusive zonas de guerra na Croácia e em locais de difícil acesso à recursos médicos.
Dispositivo para comunidades ribeirinhas - A tecnologia envolve um dispositivo que é entregue gratuitamente pela ONG às comunidades e faz toda a diferença. Ele ajuda a manter bebês com insuficiência respiratória até que leitos e o sistema de transporte para estes pacientes estejam disponíveis. Em alguns casos, o suporte conseguiu manter a criança até que esse atendimento especializado não fosse mais necessário.
A pediatra e diretora da Famed, Aurimery Chermont, explica que parte das crianças nascidas em casa, em áreas ribeirinhas de Portel e Breves, vêm de gestações em que as mães podem não ter tido acesso ao pré-natal completo.
Nascidos em casa e sem pré-natal - “São condições não ideais em que podem nascer bebês com insuficiência respiratória que, sem atendimento, podem morrer em até 12 horas porque eles não têm condições físicas de suportar esse sofrimento até que sejam transportados e cheguem nos leitos de UTI. Esse protocolo com uso deste dispositivo, semelhante a um CPAP, salva vidas e tem vantagens”, reforça a pesquisadora.
O dispositivo funciona apenas com “balas oxigênio” e dispensa até o uso de eletricidade. Em alguns casos, os bebês conseguiram permanecer mais de 30 dias usando o dispositivo até que pudessem ser transferidos.
Pela UFPA, os pesquisadores paraenses vão acompanhar o uso do dispositivo e desenvolver estudos ligados à essa iniciativa e também reforçar ações extensionistas que já são realizadas pela Faculdade de Medicina da UFPA nestes locais, como as expedições feitas em parceria com a Marinha do Brasil.
Treinando equipes – A Santa Casa do Pará recebeu um desses dispositivos e 15 profissionais, entre médicos, fisioterapeutas e enfermeiros, foram treinados para uso da tecnologia.
“Dar esse suporte aos bebês, garantindo a oxigenação, também previne hemorragias e evita danos neurais, ajudando a promover seu neurodesenvolvimento”, enumera Aurimery Chermont.
Pelo projeto, quando um bebê com insuficiência respiratória nascer, as equipes podem chegar rapidamente até ele e conectá-lo ao dispositivo, monitorando essa criança e oferecendo a ela outros recursos e tratamentos médicos até que ela estabilize ou seja transferida de helicóptero ou barco até o hospital de referência mais próximo.
Texto e Artes: Assessoria de Comunicação do Instituto de Ciências Médicas da UFPA